domingo, 8 de maio de 2011

Dois dragões

Descobri que dragões são solitários e impossíveis de compreender, que têm gênio forte, que se irritam com facilidade e até destroem o que há em sua volta em um momento de raiva. Assim que descobri isso, parei para pensar. Descobri que conheço um dragão. Um dragão que amo, mesmo que possa parecer impossível amar um dragão. Mas, de alguma forma que até mesmo eu desconheço, eu amo um.

Tentei conviver com esse dragão. Aprendi, mesmo sem saber, que é quase impossível viver ao lado de um deles. Eles agem sem pensar, nos magoam algumas ou várias vezes. Esse tipo de circunstância me fez deixar esse dragão, não uma nem duas, mas várias vezes. Mas, de alguma forma, esse dragão sempre esteve comigo; em momento algum consegui esquecê-lo. E então, descobri que é impossível esquecer um dragão. Podemos até, de alguma forma, nos acostumar a viver sem eles, mas nunca os esqueceremos.

Agora tento viver com o meu dragão. Não sei o que ainda irá acontecer. Até mesmo porque, embora eu diga “meu dragão”, eu não tenho essa certeza. Ouvi dizer que dragões não pertencem a alguém, mas eu tenho essa ilusão. Podem me chamar de tola, ainda assim chamo esse dragão de meu. Eu até já tentei colocar em minha cabeça que é impossível que eu tenha um dragão, que é impossível que esse dragão de fato seja meu, porém de nada adiantou. Então descobri que os dragões também nos fazem acreditar neles de uma forma incompreensível, mesmo quando estão mentindo.

Esse dragão que chamo de meu, já me disse “eu te amo”. Esse dragão já me fez sentir os mais diversos sentimentos, tanto os bons quanto os ruins. Então descobri mais uma coisa: os dragões são contraditórios e confusos. Mas de alguma forma, eles têm algo de doce, algo de encantador. Talvez dragões sejam bipolares. Sim. Eles são bipolares.

Várias vezes me irritei, gritei e julguei esse dragão. Várias foram nossas brigas. Várias vezes pensei que nunca mais o veria. Várias vezes me deparei com a ideia de que ele havia ido embora para sempre. Até, que ele voltava. Eu ficava tão feliz e ao mesmo tempo, tão incrédula. Às vezes eu dizia que não o queria de volta, mas no mesmo instante eu sentia uma fisgada no peito. Então descobri mais uma coisa: Eu também sou um dragão. Sim, sou um desses dragões que agem sem pensar, que são bipolares, solitários, estressados e geniosos. Talvez seja por isso que eu consiga conviver com esse “meu” dragão. Eu também sou um.

A convivência às vezes fica difícil. Eu estaria mentindo se dissesse que a convivência entre dois dragões é perfeita. A perfeição não existe nem no mundo real, nem no mundo dos dragões. Mas estamos tentando. Acredito que estamos indo bem, que estamos aprendendo a conviver um com o outro. Espero que sejamos felizes em nossa tentativa, até mesmo porque ela já é longa, admito. Talvez, de tanto tentar, consigamos chegar ao nosso final feliz, ou pelo menos em um final agradável. E, caso seja realmente impossível que exista essa convivência entre dois dragões, ao menos vale a tentativa. 

Fica a Dica - Livros

  • Antes que o mundo acabe - Marcelo Carneiro da Cunha
  • A menina que roubava livros - Markus Zusak
  • Diário de uma paixão - Nicholas Sparks
  • O dia do Curinga - Jostein Gaarder
  • A festa no castelo - Moacyr Scliar
  • Quase memória - Carlos Heitor Cony
  • Nada de novo no front - Erich Maria Remarque
  • A breve segunda vida de Bree Tanner - Stephenie Meyer
  • Saga Crepúsculo - Stephenie Meyer
  • O morro dos ventos uivantes - Emily Bronte